10.9.04

A DOCE IARA AGORA É MINHA TAMBÉM

Doces figuras, já são quase cinco anos vivendo com a Dani.

E já são seis os afilhados, que, como diz o meu irmão Szegeri, são a maior prova de carinho que alguém pode dar a um amigo.

Pela ordem: Mariana Blanc, amiga querida, uma das pessoas a quem, além de carinho, devoto eterna gratidão, em 1999, na quadra do Salgueiro, em meio ao som dos tamborins da vermelho-e-branco, deu-me a Milena, a dona dos mais lindos cílios do planeta e leitora compulsiva de deixar muito marmanjo no chinelo, como afilhada. Diga-se que cada vez que ela me olha com aqueles olhos-desenhados-à-mão e me chama diiiindo, eu tenho taquicardias violentas.

Veio depois o anúncio feito pela Magali e Ricardo durante um jantar no Fiorino. Maga anunciou que estava grávida e que seríamos, eu e Dani, os padrinhos. É preciso dizer que naquele momento fui ao banheiro chorar como órfão. No dia em que a Ana Clara nasceu, 16 de dezembro, enquanto Magali paria, Dani me oferecia café, bolo, pipoca e cerveja na calçada em frente ao hospital pra me acalmar, onde alaguei, sensivelmente, o Humaitá. Assustei um pouco os avós paternos da Ana, pessoas muito mais recatadas e educadas que eu, quando invadi o quarto com uísque debaixo de um braço e tamborim repicando na outra mão.

O terceiro anúncio veio dos Estados Unidos. Alfredinho, o número 3. Os pais do Alfredinho nem me conhecem, mas isso é o que menos importa. Alfredinho , o Batata, veio ao Brasil com a avó materna em dezembro do ano passado, nos entendemos perfeitamente e eu o espero ansiosamente já que ele está voltando, de novo, em dezembro próximo. Notem que figuraça. Quando de sua última visita, com a avó, os pais nos EUA, eu perguntava, Alfredinho, como está o papai sem você?, e ele, com aquele português de bebê, futito, traduzindo, fodido. O Batata é dos meus.

O quarto, uma surpresa. Vizinhos de porta, Ana e Júlio, convocaram a mim e à Dani pra uma conversa no final do ano passado. Pensei logo que fosse esporro, já que eu e Dani não somos, digamos, vizinhos corteses ou discretos. Mas não. Eles nos deram Raphael, não escondemos o choque com a notícia mais-que-inesperada e tudo o que consegui dizer foi, vocês vão se arrepender tremendamente, vejam vocês que incentivador. Raphael é um tremendo encrenqueiro, é o melhor amigo humano da Pimenta, toca a campainha aqui de casa centenas de vezes ao dia e a Pimenta retribui, latindo vorazmente cada vez que passa pela porta de seu apartamento. Já está ensaiando dizer dindinha, e Dani quica cada vez que o encontra no corredor.

O quinto, outra grande surpresa. Buba da Vila e Lu nos entregaram a Dhaffiny. Já contei muito aqui sobre eles, quando contei sobre o "Chá de Beber" que oferecemos quando ela nasceu, ao pé do Morro dos Macacos. O Buba é um dos maiores corações que conheço, a Lu é dulcíssima e a garota tem tudo pra ser uma craque, atestando que pelo fruto se conhece a árvore.

A sexta. Meus irmãos, Fernando e Cristiano, não têm filhos. Mas há alguns anos encontrei um terceiro irmão.

Fernando Szegeri, um caso clássico de irmão siamês, alma vagabunda como a minha, devoções semelhantes, lágrimas abundantes a cada encontro, esteve no Rio na semana passada para trabalhar. Isso foi o que ele disse.

Fernando veio mesmo para o Encontro da Confraria no Bar Getúlio e esticou a semana inteira.

Bebemos e festejamos a graça do encontro em dimensão siderúrgica.

Na quarta-feira fomos ao Clube Guanabara, na careta da Baía de Guanabara, Pão de Açucar no cenário, com Dani, Betinha, Guerreira, Maria Paula e Manguaça. Um timaço.

Lá pelas tantas, num lance cujos detalhes prefiro omitir, Fernando e eu, abraçados e chorando emocionados, chamamos a Dani pro abraço. E ele decretou: vocês são padrinhos da Iara.

Bem, pra quem conhece o Fernando e a dimensão do amor que o malandro tem pela "mulher mais linda do mundo", que é como ele se refere a ela, sabe o tamanho do presente, sabe a intensidade do gesto e a honra do título.

Ás 4h da madrugada, no Bar Getúlio, lembramos de um pequeno detalhe: a mãe, a Buba do Pará, a Railídia, dona de um sorriso pau a pau com o sorriso da Dani, não havia sido consultada.

O que não foi problema. Ligamos pra SP e acordamos Railídia. Foi Fernando quem falou com ela. O malandro jura que Railídia aprovou. Mero detalhe.

No dia seguinte Dani entregou ao Fernando uma estrela azul gigantesca para que fosse levada de presente pra nossa mais recente afilhada.

É Iara, a doce Iara, quem aparece na foto abraçada à estrela. Um abraço forte como esse, um beijo imenso como a estrela, é o que mando daqui, do Buteco, pra ela, pro pai e pra mãe que, deus do céu, se arrependerão em breve da escolha.

Até.

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