17.5.05

HOJE É DIA DE MAMÃE

Não há mesmo como evitar, maio é o mês das guinchadas e dos impulsos involuntários em direção ao Passado. Dia 27 de abril o processo começa, quando faço anos; no dia 06 de maio foi minha Bia quem me causou o arremesso; no dia 09 de maio Fefê agarrou-me pelas mãos e me levou pra longe; e hoje, 17 de maio, é mamãe quem me conduz. E no dia 22, domingo que vem, papai e mamãe, comemorando 37 anos de casamento, lá vou eu de novo...

Pequena pausa.

Sexta-feira fui com a Dani ao FarUp, comemorar o aniversário de uma amiga. E havia música ao vivo, com uma competente banda de ingleses. E o vocalista, depois de anunciar uma homenagem ao pai, morto há dias em Londres, sacou "Georgia On My Mind" da cartola. E eu, que estava de pé, no balcão, na segunda dose de Red Label, fui um nostálgico de olhos marejados lembrando do primeiro encontro de Isaac e Mariazinha. Por razões totalmente desconhecidas, tenho certeza de que foi ouvindo "Georgia On My Mind" que papai cravou os olhos em mamãe e decidiu lutar por ela, no que teve êxito. Mamãe descia umas escadas de mogno, em caracol, na Rua Mariz e Barros, e Isaac, de smoking, deixou cair o copo de Cuba Libre quando deu de cara com as coxas morenas de mamãe. Eis aí, numa cena, a razão da minha nostalgia de sexta-feira.

Vai daí que hoje mamãe faz anos. E vai daí que eu, do Buteco, abro uma Möet & Chandon Ponsardin em homenagem à minha velha (se eu abrir uma cerveja estará maculada a homenagem, eis que mamãe é uma mulher cada vez mais chique, cada vez mais elegante, cada vez mais grã-fina).

Mas houve um dia, houve um único dia, quero lhes contar, que mamãe foi a barraqueira em polvorosa. Um professor de matemática, e eu estou com uns 12 anos, pediu um quilo de alfafa ao diretor da escola, que, de pé na porta, assistia aquele patético aluno desorientado diante do quadro-negro sem conseguir resolver a equação proposta. Foi de voleio. Dirigi-me ao diretor e disse que eu queria apenas um cafezinho, a alfafa seria pra ele, professor.

Fui suspenso, expulso de sala, mandado de volta pra casa.

Diante de meu relato, mamãe tomou-me pelas mãos, voltamos ao colégio e invadimos a sala do diretor.

Avelar, sisudo, explicou tudo à mamãe. E no desfecho... "Sinceramente, a senhora não deu educação a seu filho?"

Mamãe, com a classe do Nilton Santos, que completou 80 anos ontem: "Dei. Dei sim, senhor. Inclusive a orientação para que ele respondesse à altura quando cavalos lhe faltassem com o respeito. E vá pra puta que o pariu!"

Linda, minha mãe.

2 comentários:

Anônimo disse...

Grande Edu,

Mande minhas sinceras felicitações à sua Mãe pelo dia de hoje. Adorei o seu
relato, que quando jovem, viu sua mãe "sair do salto".

Todos dia tenho conhecido um pouco mais de você, lendo sua vida...Continue
assim, o BOTECO está "bombando"...rsrs!!!

Grande abraço

Leo

Anônimo disse...

Oi Edu...
Por algumas vezes passeio aqui pelo seu Buteco, e sempre acho muito interessante o que escreve e do jeito que escreve...
Primeiro quero desejar a sua mae, ainda que um pouco atrasado, um Feliz Aniversario, e em segundo te dar Parabens pelo amor explicito que tem por sua familia, isso com certeza te torna um cara admiravel!!
PARABENS!!!!!!
Danielle