17.8.05

O DEDECO E A DELAÇÃO PREMIADA

Não é demais repetir quem é o Dedeco, um espírito sem luz, na definição de uns, um embusteiro, na de outros, um sujeito que se vale dos mais baixos expedientes para obter vantagens, ainda mais quando o assunto é mulher.

Na segunda-feira ligou-me o bom Dedeco - eu digo "bom Dedeco" por força do hábito, apenas - para esclarecer o que ela chamou de "pequena dúvida". Empolgadíssimo com o espetáculo das CPI´s que fervem em Brasília, queria saber do que se trata a tão ventilada delação premiada. Como estava sem tempo, fui rápido. "Querido, é o seguinte... Um sujeito sujeito ativo de qualquer crime, envolvido até a raiz dos cabelos, se oferece para contribuir com as investigações denunciando tudo o que sabe, pretendendo, em troca, obter redução de sua própria pena, entendeu?". Riu, o Dedeco, tossiu como um cachorro tísico, agradeceu-me e disse, entre guinchos, "Claro que entendi, depois te conto". A princípio não entendi esse "depois te conto", mas hoje tudo se esclareceu.

Toca meu celular e pisca o nome do Dedeco no meu combalido Nokia. Eu sempre disse que o BINA trouxe uma novidade às relações pelo telefone. Como ficamos sabendo quem está do outro lado da linha, nossa voz tem a cor do humor que emprestamos a quem nos liga. E eu atendi, excitadíssimo, pois sabia que vinha merda. "Fala, Dedeco!".

E ele, como sempre, parece o Dedeco ler a partitura imaginária de sempre quando fala ao telefone, "Faaaaaala, Edu!". E eu só fiquei repetindo, "fala, fala, fala... me conta...", que eu, na hora, associei seu telefonema de hoje ao "depois de conto" de anteontem.

Vejam do que foi capaz esse biltre.

Torceu, como uma lavadeira de beira de rio, o instituto da delação premiada.

Contou-me que ontem à noitinha bateu o telefone pra uma moça. Moça essa que é namorada, vejam a que ponto chega a vilania do André Menezes, de um amigo seu. Inventou uma desculpa qualquer e convocou a incauta pra uma cerveja no SAARA, pertinho do Tribunal de Contas, onde trabalha o embusteiro. E lá, na hora marcada, aponta a moça na calçada já encontrando o Dedeco com o umbigo encostado no balcão. Dá dois beijinhos na menina, solta um "como vai, querida?" mais falso que Marcos Valério, e começa o papo.

O Dedeco perguntou à moça se ela sabia o que era delação premiada.

A menina ficou ruborizadíssima, contou-me ele, já que entendera, ela lhe contou logo em seguida, "felação premiada", o que a fez baixar os olhos e dizer "o que é isso, Dedequinho...?".

"Delação", disse o Dedeco, gargalhando de fazer tremer o bar, tossindo gravíssimo.

A moça não sabia.

Daí ele: "Querida... sua vida é uma mentira e você sabe por que estou falando isso...". E a moça arregalou os olhos, esbugalhadíssimos, e o Dedeco pôs-se a narrar, com riqueza de detalhes, suas aventuras, digamos, extraconjugais. Eu digo suas e refiro-me às aventuras dela, quero me fazer entender. Lê-se muito mal. Mas vamos seguir.

A moça, assustada, depois de dividir com o André uma meia-dúzia de garrafas, ficou ali, estacada diante dele, esperando o fim daquela tragédia anunciada. Daí a moça pousa uma das mãos sobre a peluda mão do Dedeco e diz, lânguida... "Mas e daí, Dedequinho... você não pretende contar isso a ele, pretende?", e o Dedeco gargalhando ainda mais alto, soltando uma babinha de cerveja pelo canto da boca, fumando desbragadamente, disse, "Eis aí o ponto nodal da questão...", e riu ainda mais. "Para não delatá-la quero um prêmio... entende?", e beliscou, vejam que nojo, o bico do seio esquerdo da menina, protuberante sob a blusinha de helanca verde que ela vestia.

A moça ainda tentou negociar com o André, mas ele dizia a ela, com base nas informações que eu havia lhe prestado, "Querida... isso é delação premiada, compreende? A gente tem que negociar mesmo...", e ficou ali, torcendo e distorcendo a lição que aprendera comigo, aplicando vantagens a si mesmo. "E já que tu entendeu felação... tu não acha que é uma boa idéia?", e beliscou de novo o mamilo da menina, a essa altura falando arrastado.

Partiram em direção ao apartamento do Dedeco, na Conde de Bonfim, e deitadinhos no piso de mármore da varandinha, fizeram, contou-me ele, "um delivery muito bom".

Até.

3 comentários:

Anônimo disse...

Belíssimo texto, pois retrata fielmente o nível desse compulsivo que nos provoca tanto asco e repugnância. Imagina que coisa torpe, beliscar o mamilo da menina enquanto a cortejava. É de mortificar até os pervertidos.
Outro ponto fiel à realidade é o aspecto físico do André. Quem não o conhece não sabe como ele é feio, careca, horrorosamente peludo e que tem sempre uma secreção corporal desagradável à mostra. Normalmente é só suor em profusão, mas pode babar quando próximo ao "pessoal". Além da grosseria digna do Jece Valadão.
A infindável lista de vítimas do Dedeco é a prova de que as mulheres não tem critério algum.

Anônimo disse...

Apesar de toda a publicidade que o Edu tem dado à assombrosa conduta do Dedeco, mulheres continuam cedendo à sua lábia. Pergunto-me onde isso vai parar...

Anônimo disse...

Edu,

Muito bom !!! Não consigo parar de rir.
Esse Dedeco é um crápula da pior espécie.

E respondendo a Betinha, pelo jeito vai parar sempre no "piso de mármore da varandinha".