21.11.05

O RIO AMANHECEU CANTANDO

Hão de me perdoar os vascaínos (Aldir, Fefê, papai), os tricolores (Léo Huguenin, Vidal), os botafoguenses (Zé Colméia, Zé Sérgio), os americanos (Antônio Bulhões, mamãe, seu Osório). O Rio amanheceu cantando nessa segunda-feira. O Flamengo venceu a partida de ontem espetacularmente, com um gol aos 47 minutos do segundo tempo, e livrou-se, definitivamente, do fantasma da segunda divisão. "Grande coisa", dirão os detratores de plantão. E eu gritarei "grande coisa mesmo" de pé no banquinho imaginário. Em tom solene, de missa pagã, eu, Betinha, Flavinho, Dalton, Lelê, Marquinho, Cabreira, tendo à frente um São Jorge montado no cavalo e um santinho de São Judas Tadeu, vibramos e gritamos, gritamos e choramos, choramos e comemoramos a alegria de ser rubro-negro.

E eu comecei dizendo "hão de me perdoar" justamente por isso.

A cidade nunca é tão encantada quando no dia seguinte de uma vitória do Flamengo. Nunca. Tem mais sorriso na cara do povo, tem mais "bom dia" e "boa tarde" ecoando pelas esquinas. E tem mais orgulho nos olhos de cada um.

Novamente os detratores dirão que o time é uma porcaria. E eu grito de volta "é mesmo!", mas há um diferencial. Houve um diferencial e eu nem quero discutir se seu nome é Joel Santana. De uns jogos pra cá, precisamente nos últimos sete jogos, cinco vitórias e dois empates, o Flamengo teve a seu favor a famosa e decantada mística do manto rubro-negro.

Gols espíritas, bola esbarrando num jogador e indo pro gol, trombadas que viraram lances de perigo, e eis que ontem, no final do jogo, o limitadíssimo Obina acerta uma bomba e dá a vitória ao Flamengo, e o Estephanio´s veio abaixo. Era o que sempre pedíamos, os torcedores contritos diante da TV: a vitória da raça rubro-negra.

E uma conclusão: não havendo condição de disputar o título, e não tínhamos mesmo, com aquele elenco que nem na minha mesa de botão eu escalaria, é bom demais esse fugir desesperadamente do rebaixamento. O campeonato ganha emoção, tintas de tragédia, cores de drama épico, e a gente aproveita tudo, da primeira à última rodada.

E ontem, de pé, depois do jogo, rezando a oração a São Judas Tadeu, fui um homem de fé.

Dei, inclusive - há testemunhas! - de beber ao Jorge, o santo, que há de me perdoar a intimidade (com a licença do Aldir).

Deus me perdoe
essa intimidade
Jorge me guarde
no coração...

Até.

4 comentários:

Anônimo disse...

Velho Edu,

Vou perdoar o esquecimento de meu nome entre os tricolores...

Parabéns pela vitória. Realmente, há alguma coisa de muito estranho nesta recente reviravolta no Flamengo. Algo que a técnica não consegue explicar. E algo que não se limita a mística da camisa ou à raça rubro-negra, que nem foi tanta assim.

Prefiro acreditar na trinca de santos jotas que salvou o seu time: Jorge, Judas e Joel. Ou no "Sobrenatural de Almeida", que tantas vezes ajudou o meu time e agora, assim como o Diego Souza e o Toró, deve também ter se bandeado.

Agora, que a cidade amanhece mais feliz, é pura idiossincrasia. Os botafoguenses acham que a cidade amanhece mais feliz porque o Botafogo venceu, os vascaínos também, os tricolores, da mesma forma e os flamenguistas, idem. Não é nada além de como estamos vendo o mundo naquele momento.

Seja como for, parabéns pela vitória. E tenha certeza de que nunca torci por coisa diferente.

Beijo.

Szegeri disse...

Quero consignar aqui que a recuperação rubro-negra iniciou-se, mais uma vez este ano, com uma mãozinha palmeirense. Ainda que não intencional, como já aconteceu em antanho...

Anônimo disse...

Amigo Szegeri..quanta pobreza desses framenguistas......voce esqueceu de dizer que alem da ajuda dos palmeirenses eles tiveram ajuda de uma cria vascaína.....o joel santana a quem prometeram uma estátua caso tirasse o time da sarjeta...

Szegeri disse...

Falou a Sabedoria...