20.10.06

COMIGO NINGUÉM PODE

Escrevo tomado de estranhíssimo orgulho, intensíssimo orgulho, diante da tela do computador, que por sua vez fica diante da janela do quarto que dá vista para o céu da Tijuca, onde nasci e fui criado. E pra continuar na linha do samba da vermelho e branco, quando eu morrer levarei comigo, dentro do meu coração, a Tijuca comigo.

bala perdida!!!!!

Entramos hoje, eu e Dani, para as estatísticas! E entramos para as estatísticas, engrossando a fileira dos que têm a inviolabilidade do lar (ôpa!) quebrada por uma bala perdida, essa aí de cima, ó!

Um pequeno ruído fora do comum, PLOCT!, e eis o vidro do quarto, onde dormimos juntos e sonhamos abraçados, com um furo lindo, perfeito, redondíssimo, e o insulfilm fazendo as vezes de pétalas negras em flor no desabrochar da violência, reduzindo o impacto da bala.

São seis horas, ouço daqui - cercadíssimo de igrejas - a Ave Maria, e choro, mas não de medo. Choro, não de piedade de mim mesmo, nem mesmo de piedade da minha garota, que chega hoje à noite de Belo Horizonte, aplacando a saudade que me transforma num ser menor que a bala. Choro, talvez, porque nosso horizonte não é mais tão belo quanto o nome da cidade que ficou mais bonita por uma semana, apenas porque lá estava ela, a mulher que me ensinou a sorrir, a Sorriso Maracanã, o mais lindo e luminoso sorriso do mundo, e que me perdoem todas as moças donas de sorrisos lindos e luminosos, mas jamais iguais ao dela.

Choro, talvez, porque ouço daqui as risadas dos canalhas que odeiam a Tijuca, e que vêm do Canadá, que vêm dos bairros exaltados como chiques e outras merdas, e que vêm dos que enxergam, aqui, o fim do mundo.

Atotô Xapanã! Salve, meus caboclos, Tupinambá, minhas flechas, minha bandeira vermelho e preta, do Flamengo também! Ogum iê patakori, e vamos que vamos que vamos que vamos, que comigo ninguém pode!

Aqui, ó, pra vocês!!!!!

Abraço-me, num delírio, à Dona Hilda, componente da Velha Guarda da Unidos da Tijuca, e canto junto com ela:

"Eu agradeço ao Criador
Na Tijuca eu nunca tive desenganos
Sou feliz como ninguém
Além de ser brasileiro
Sou tijucano também"



E antes que eu me esqueça... De novo... Ô, cambada de invejosos, preconceituosos, mauricinhos e patricinhas... Aqui, ó!!!!!

Até.

8 comentários:

Anônimo disse...

Que texto Edu! Forte, bonito e comovente. Dá-lhe Tijuca!

Unknown disse...

Edu: aos prantos e sinceramente comovido, te abraço com os braços do tamanho da tua Tijuca! Maravilha, meu mano! Que maravilha!

Anônimo disse...

Edu, parabéns! Já fabricaram a bala, mas a tal era perdida e não te achou. Feliz aniversário e muitos anos de vida!!!

Anônimo disse...

Como novo Tijucano eu digo: Maravilha!! Maravilha!!!

Anônimo disse...

Triste esse assunto da violência na nossa querida cidade. Eu mesmo ja passei por um assalto, com dois muleques empunhando pistolas encima de uma moto... Coisa triste. Segura ai Edu que a Tijuca é grande.

Anônimo disse...

Não sou da Tijuca, porém tenho grande admiração e carinho por sua historia, assim como por seus butecos onde tantos porres tomei. Certamente meu caso com a Tijuca será eterno...

Parabéns pelo forte texto Edu,

Julio Lagedo

Anônimo disse...

A Tijuca tem um tesouro: meus amigos mais queridos! Como já disse antes: estou ficando isolada no Leblon... :)))

Beijos!

Anônimo disse...

Meu irmão está cada vez melhor.....