24.5.07

O COORDENADOR EDITORIAL

Volto ao balcão pra bater, de novo, com renovado prazer, nesse projeto nojento chamado AMORES EXPRESSOS, sobre o qual já falei aqui (gerando acalorado debate, com 27 comentários até o momento), e que gerou, inacreditavelmente, um site que, na verdade, é um coletivo de blogs desprezíveis, como demonstrei aqui.

E volto ao tema porque deparei-me, hoje cedo, com um email enviado por um leitor do BUTECO, recomendando (se é que me entendem) a leitura do blog do coordenador editorial do tal projeto.

capa do blog de João Paulo Cuenca

O blog, abrigado no jornal O GLOBO, que emprega o coordenador editorial - além do referido blog - intitulado BLOG DE ANOTAÇÕES o coordenador editorial também escreve para o suplemento MEGAZINE, direcionado ao público jovem e que vem encartado no jornal às terças-feiras - trouxe, no dia 20 de maio, um lamentável texto chamado - pausa para a golfada olímpica - "YOU´RE INVISIBLE NOW". Leiam:

"Chegar a Paris depois da canseira que tomei de Tóquio é um alívio. Como aqui não tenho a obrigação de ter idéias e experiências geniais e estrambóticas todos os dias, me sinto descansado e confortável. Tudo aqui é fácil, ao contrário do Japão, onde qualquer saída era um desafio.

Ao mesmo tempo, cada esquina carrega uma lembrança, algumas agradáveis, outras nem tanto. Mas sei conviver com cada uma delas, e nada me tira o prazer de andar por essas ruas.

Sobre voltar, sinto saudades bastante localizadas e específicas. Nenhuma do Rio de Janeiro. Para sentir saudades genuínas da minha cidade em pedaços, acho que precisaria multiplicar a duração dessa viagem por alguns anos.

Não sinto que pertença ao Rio. Não sinto que pertença a nenhum lugar.

Encaro cada viagem dessas como um exercício de desapego. E me surpreendo como me sinto plenamente capaz de abandonar este jornal, minhas publicações passadas e futuras, meus leitores, coleguinhas e editores, para trabalhar como barman numa biboca em Asakusa ou Belleville. Mandaria uma passagem só de ida (vinda) para a menina e não pensaria em retorno.

Por que na verdade não há retorno possível. No final de cada viagem, não sinto que volte para o mesmo lugar – por mais que seja o mesmo lugar. Eu é que nunca volto o mesmo."


Que tal?

O sujeito reclama do projeto que ele mesmo coordena e para o qual foi escalado (por ele mesmo) para escrever quando diz que "(...) aqui não tenho a obrigação de ter idéias e experiências geniais e estrambóticas todos os dias, me sinto descansado e confortável.".

O sujeito reclama, de certo modo, da cidade em que vive quando diz que "(...) sinto saudades bastante localizadas e específicas. Nenhuma do Rio de Janeiro.".

E por fim reclama do jornal que o emprega, dos colegas, dos leitores e de seus editores quando diz que "(...) me surpreendo como me sinto plenamente capaz de abandonar este jornal, minhas publicações passadas e futuras, meus leitores, coleguinhas e editores, para trabalhar como barman numa biboca em Asakusa ou Belleville.".

É como diz Deus:

- É de foder.

Até.

12 comentários:

Unknown disse...

Pois é. Nojento e escroto. Eu já tinha deixado um comentário no blog, citando a primeira impressão que Daniel Galera teve de Buenos Aires. Vale repeti-la, para mostrar que todos esses "escritores" parecem estar em fina sintonia:

"Cheguei em tal ponto de entrosamento com a cidade que a idéia de ir embora já me dá uma certa ansiedade. Até parei de pensar no livro. Não sinto que estou aqui para escrever. Estou aqui, é só. Meu bloquinho está forrado de anotações, e agora quero me dedicar a esquecer do motivo que me trouxe para cá"

É ou não é coisa da canalha?

Anônimo disse...

Se tuto isso é assim tão sacrificante para ele, poderia ter ecoomizado o nosso dinheiro e ficado em casa. Esse papo de "não sei se pertenço ao Rio, não sei se pertenço a lugar nenhum", além de ser um puta clichê, é também uma frescura de gente que acha que precisa passar a vida inteira querendo "se encontrar" (se possível com o dinheiro do contribuinte) ... Arthur Mitke

MauMau Ferraz disse...

Isso é que é descontentamento com a própria vida.

Anônimo disse...

Realmente, com essa, até eu que me mantenho discreto aqui nos comentários do BUTECO sou obrigado a me manifestar: vomitável! Parece que o turismo financiado chegou ao cúmulo da cara-de-pau.
Será que aquele cara que foi escolhido pra ficar em São Paulo também está pensando em "trabalhar como barman numa biboca" no centro? Teria meu apoio.

Eduardo Goldenberg disse...

Brunão, Mitke, Ferraz e Leo: texto e comportamento típicos da canalha, é evidente... E como soa escrota essa suposta e fabricada angústia, essa viadesca e artificial crise existencial... A única verdade que emerge é: todos escrevem mal e formam uma tchurma esperta que não perde uma bocada! À merda, seus conflitos!

Anônimo disse...

Ô, Edu, é como diria o Simas: "Aos quarenta anos resolve fazer teatro no Tablado como processo de auto-conhecimento."

Anônimo disse...

Edu, patético seria uma boa palavra para definir todo aquele lenga-lenga.

Luiz Antonio Simas disse...

Típico texto de viado, não há dúvidas.

Anônimo disse...

Vão pra puta que os pariu. Com passagens e diárias pagas por esse projeto.

Szegeri disse...

O que dá pra se devotar a quem diz não pertencer a nenhum lugar é piedade, pra não dizer desprezo. Neguinho se arvora a ser uma grande coisa, sem precisar de ninguém, de nenhum lugar, de nenhuma língua, de nenhum grupo, de nenhuma cultura. Se acha um Proust, a moça.

Amarildo: e essa de mandar buscar a menina? Tá enganando quem?

Boechat: na mosca! Manda pra mim, manda!

Anônimo disse...

ANDRÉ CARONE - amcarone@uol.com.br

Vou apelar ao título de uma canção do Noel Rosa para fazer um pedido sincero ao angustiado Cosmopolitan Cuenca:

"Vai, mas vai mesmo".

Anônimo disse...

Caro Edu, e quem disse pra esse idiota que a cidade do Rio de Janeiro sentiu saudades dele?