16.8.07

NÃO PASSARÃO!

Ele começa o texto, imprescindível, dizendo que às vezes bate, nele, uma esperança. Ele é dos meus, amigo recente, amigo querido, e eu chamo de amigo querido justamente porque também nisso - no reconhecimento dos que são nossos, no mais amplo, mais valioso e mais bonito sentido que possa haver no pronome possessivo - subvertemos a ordem que impera mundo afora e que querem nos empurrar goela abaixo (para valer-me de expressão que ele usa no texto que reproduzirei hoje). Estivemos juntos não mais do que três vezes. O que bastou para que tivéssemos, e tenhamos, a certeza de que seremos amigos para a vida inteira. E tanto é verdade que a ordem que impera hoje é babaca, fútil, superficial e descartável (e estou falando de gente, de seleção de gente, de escolha dos que são nossos), que o homúnculo, esse jornalista minúsculo que não serve para rigorosamente nada quando assina, diariamente, uma das mais escrotas colunas do jornalismo brasileiro, fez propaganda, dia desses, de uma ignomínia que atende pelo nome de "personal friend". Isso mesmo, meus poucos, mas fiéis leitores: agora tem quem pague por um amigo - e tudo é tão absurdo, tão nojento, tão abjeto, que é melhor mesmo que o nome seja "personal friend". Sei que vocês me entendem.

Ele - o amigo a quem me refiro - é Bruno Ribeiro.

Eu, ao contrário dele, não perco a esperança.

E eu, ao contrário dele, acordei hoje sem inspiração para dizer qualquer coisa.

Essa a razão pela qual reproduzo, na íntegra, o texto imprescindível publicado hoje em seu igualmente imprescindível blog PÁTRIA FUTEBOL CLUBE:


"Às vezes me bate uma esperança. Como chegar cedo no cinema e quase não conseguir ver o documentário sobre Milton Santos. Porque a sala estava lotada. E mesmo sentado na escada, espremido, poder ver o filme no mais completo silêncio. E receber uma grande mensagem. E deixar o cinema feliz com os aplausos do público -- que ficou para o debate com a professora Maria Adélia. E notar que, na platéia, não havia só universitários da faculdade de Geografia, mas muita gente do povo, interessada em repensar esse conceito de globalização que tentam nos enfiar goela abaixo como a única verdade possível. Eu sei que não é a única realidade possível. Eu vivo isso na pele. Eu ando em lugares que não obedecem essa lógica; eu vivo as quebradas; eu sinto a vida pulsar em bocadas onde esse discurso não chega; eu venho de lugares solidários. Sei que é possível. Esse mundo que não sai nos jornais e que a classe média costuma tratar de duas maneiras: ora com paternalismo -- seríamos pobres coitados, alienadinhos, manipuladinhos, vitimazinhas... Ora com desdém e ódio -- seríamos os radicais, os contrários, os disseminadores de ódio, os petistas, os lulistas, os xiitas... À merda com essa visão pragmática de quem não quer sacar que estamos no olho do furacão! Tem gente que finge não perceber a gravidade do problema! Defender um Estado forte não é mais uma mera questão ideológica! É a nossa sobrevivência! Entregar à iniciativa privada ou ao terceiro setor a responsabilidade de cuidar do destino de seres humanos é encurtar o caminho para a extinção. Todos os indicadores demonstram isso -- e a galopante miséria do terceiro mundo não me deixa mentir. Ou repensamos o real sentido da vida -- e damos à filosofia um peso tão grande quanto o que temos dado à economia -- ou o futuro nos reservará um destino muito sinistro: o desaparecimento, sem direito à segunda chance."

E que esse texto chegue aos que bateram boca comigo, há uns dias, no blog da colega de redação do jota, a Cora Rónai. Arrependi-me, profundamente, de pôr os pés lá para defender o presidente Lula da raiva irracional da tucanalhada que faz daquele blog seu poleiro virtual, onde neguinho manda bom-dia pra gato que nem conhece, onde neguinho delira diante da aparição de uma capivara de pelúcia, onde neguinho destila ódio contra o povo, onde neguinho tem o perfil, perfeito, da clientela dos tais "personal friend".

No fundo, no fundo, tudo uma questão de coerência que não me deixa perder a esperança.

Até.

2 comentários:

Anônimo disse...

Capitão-do-mato,

Com o meu melhor respeito, não se pode admitir qualquer opinião que se diga democrática, a partir do momento que endossa Hugo Chávez; ou não?

Mesmo as mais bem intencionadas...

Saravá!

Eduardo Goldenberg disse...

Hugo Chávez, meu caro Fraga, merece minha mais profunda admiração e respeito.

Discutamos isso - se você quiser, é evidente - pessoalmente.