3.7.08

QUEM ESPERA SEMPRE ALCANÇA

E os tricolores terão de esperar mais um bocadinho, sabe-se lá mais quantos anos, para verem o Fluminense tornar-se campeão da Libertadores - e quem espera sempre alcança, reza o hino tantas vezes entoado na noite de ontem, no Maracanã. Noite, diga-se, trágica, bem ao gosto do Sumo Pontífice da Catedral de Álvaro Chaves, Nelson Rodrigues. O Fluminense saiu perdendo de um a zero, reverteu o placar com três gols de um iluminado Thiago Neves (que, mais tarde, perderia um pênalti) mas não conseguiu o quarto gol, conforme eu previra aqui. O três a um levou a partida para a prorrogação, prenúncio da sempre desumana disputa de pênaltis. Um modorrento zero a zero na prorrogação empurrou, de fato, a decisão para os pênaltis, e o que se viu foi o que se viu: o Fluminense converteu apenas uma das cobranças e deixou escapar, no centésimo sexto ano de sua história, o título de campeão da Libertadores. Sobre o jogo, sobre a transmissão, sobre o que vi sentado diante da TV ao lado de meu velho pai, alguns pitacos:

* durante a resenha, antes do jogo, no SPORTV, foi curioso e engraçado assistir a um dos treinadores mais retranqueiros do futebol brasileiro, o tricolor Carlos Alberto Parreira, pedindo a escalação de dois atacantes desde o início da partida. Instado a se explicar graças à intervenção espirituosa do repórter Marcelo Barreto, saiu-se bem o treinador dizendo que estava, ali, palpitando como torcedor apenas;

* a transmissão da TV GLOBO dava a impressão de que apenas mulheres (e feias) estavam no Maracanã;

* impressionante a teimosia do treinador Renato Gaúcho que, uma vez mais, ainda que tendo feito a substituição bem mais cedo do que de costume, demorou a pôr o Dodô (que não esteve bem ontem) em campo;

* o preparo físico dos jogadores da LDU sobrou durante os quinze minutos finais da partida e ainda mais durante a prorrogação, pondo em xeque a comissão técnica comandada pelo fanfarrão treinador das Laranjeiras;

* falaram demais, na minha opinião, e cedo demais, alguns jogadores tricolores... Um disse, logo após o final da partida no Equador, há uma semana, que havia feito naquela noite o gol do título (o segundo da derrota por quatro a dois). Mesmo tendo sido o herói da partida de ontem, com três gols, Thiago Neves precisa aprender uma das máximas do futebol, que é tão óbvia e evidente que não me darei ao trabalho de transcrevê-la;

* de parabéns a torcida que lotou o estádio e fez a sua parte;

* e lamentável o (mais uma vez...) derrame de ingressos falsos e a quantidade de cambistas agindo sem qualquer repressão, isso no país que sediará a Copa do Mundo de 2014.

Até.

27 comentários:

Marcelo Moutinho disse...

O time foi bravo. Não deu, paciência. A tristeza é grande, lancinante. (só não entendi até agora por que o árbitro mandou o Thiago Neves bater de novo o pênalti)

Felipe Quintans disse...

Descordo um pouco do Moutinho. Acho que numa final dessas, diante de sua imensa torcida, em casa, o time poderia se esforçar um pouco mais. A equipe titular foi poupada dos jogos do brasileiro só para se concentrar na libertadores. O terceiro gol do Fluminense veio cedo, a equipe tinha muito tempo para meter mais um, e na minha opinião além de cansados (fiquei impressionado com isso) acho que faltou RAÇA na hora de decidir.
O erro foi ter deixado ir para os pênaltis. O time da LDU é muito inferior do que o do Fluminense, mas teve humildade e acima de tudo vontade de ser campeão. É uma pena, pois estava torcendo ao lado de minha mãe que é tricolor doente, e fiquei puto porque ela ficou triste pra cacete.

Eduardo Goldenberg disse...

Moutinho: acho que o time poderia ter sido mais bravo, sabe? Com 80 mil torcedores a favor, com tempo de sobra para reverter o resultado quanto ao saldo de gols, o Fluminense acomodou-se e cansou cedo - como disse o Cereal, a quem me dirigirei em seguida. Quanto à primeira cobrança de pênalti do Thiago Neves, nada demais... Catimba, rapaz... Foi catimba do goleiro. Bem feita, por sinal.

Cereal: também discordo do Moutinho, como se vê. Também torci, como anunciei, e fui dormir solidário com a dor dos meus amigos com quem nem tive coragem, ainda, de falar. Grande abraço.

Anônimo disse...

Pelo visto o Fluminense estava tao certo da vitoria nos 90 minutos que nao treinou batida de penalties. Desculpem-me os tricolores, mas aquilo ali nao foi azar, foi incompetencia mesmo.

Eduardo Goldenberg disse...

Betinha: ninguém falou em azar... ou falou?! Mas eu concordo com você, talvez com menos peso nas tintas. Não sei se houve incompetência, a palavra talvez soe pesada demais... Mas houve, seguramente, negligência. Havia tempo para um golzinho apenas - e o time, absurda e estranhamente, parecia, a partir dos 30 minutos do segundo tempo, estar gostando da idéia da prorrogação. Quanto ao treinamento de cobranças de pênaltis, não sei se de fato houve. Mas parece um absurdo não ter havido, não é? Beijo enorme, saudade de você.

Anônimo disse...

Não sei como esse juiz continua a ser escalado em jogos de grande pressão...
Se lembram daquele Flamengo e Defensor no Maracanã, que o desgraçado quase nao deixou a bola rolar?
Mas nesse jogo, o Fluminense não pode botar a culpa no juiz(que tambem errou para o outro lado), e o Thiago Neves bateu MUITO mal aquele penalti.
Bateu fraco, no meio e rasteiro
E o Guerron, parece que ficou de sacanagem o jogo inteiro, e deixou pra jogar só no ultimo lance, quando deu uma arrancada ao melhor estilo Queniano em reta final da São Silvestre, e quase antecipa o titulo
Foi um jogão

Eduardo Goldenberg disse...

Prata: eis aí, numa frase, a grande verdade sobre o embate de ontem... Foi, do primeiro minuto de bola rolando ao último pênalti perdido pelo tricolor das Laranjeiras, um jogaço.

Luiz Antonio Simas disse...

Mano velho, apesar dos amigos tricolores, a quem mando um abraço apertado e sem sacanagens, não consegui mesmo torcer pelo Flu.Gostei do título da Liga. Quanto ao Renato, Neves e outros tais, é como diz o ditado: quem fala demais dá bom dia a cavalo.
beijo

Anônimo disse...

Me antecipei, Edu. :) Eh que sempre que um titulo eh decidido nos penalties, o time derrotado diz que nao teve sorte. Talvez para nao ter que reconhecer que poderia ter feito mais, talvez para nao reconhecer a superioridade do outro time. Ou as duas coisas. E, na maioria das vezes, decisao por penalties eh realmente uma questao de sorte. Mas ontem nao foi.

Eduardo Goldenberg disse...

Simão: pois eu torci, querido. Sendo, aliás, agudamente mais franco, preciso do início ao fim, eu devo dizer a você que torcer, mesmo, conjugar o verbo torcer, literalmente, durante o jogo... não... eu não torci. Mas gostei de ver cada um dos três gols, vibrei a cada ataque tricolor, sofri, de certo modo, a cada cobrança de pênalti. Lembrei de cada um de meus amigos durante a peleja e ainda mais no final do jogo... Abraço, querido. E domingo, hein!, é dia dela! É dia dela! Beijo.

Eduardo Goldenberg disse...

Agora sim, Betinha! 100% de acordo! Beijo.

Anônimo disse...

O anonimo sou eu, Betinha. Desculpem, me enrolei com o teclado...

P.S.: Confesso que tambem nao consegui torcer para o Flu. O Renato Falastrao estah formando um time de moleques que "se acham". Tomara que eles aprendam a licao, porque o Renato, este ja era. Estah burro velho demais, duvido que mude um tiquinho que seja.

Eduardo Goldenberg disse...

Concordo ainda mais, ainda mais!!!!!

Anônimo disse...

A dor é imensa, difícil encontrar razão no meio de tanto emoção e tristeza. Mas, em minha opinião, o Fluminense perdeu o título por conta de alguns fatores determinantes:

1 - Soberba do técnico, que se transmitiu a alguns jogadores.
2 - Planejamento inadequado para o primeiro jogo, onde em 45 minutos ficou selado o destino da Libertadores.
3 - Falta de preparo físico para fazer o quarto gol no segundo jogo.
4 - E, por fim, como todos sabemos, nem sempre prevalece o justo no futebol.

Vida que segue.

Daniel A.

Anônimo disse...

Me desculpem os tricolores mas acho que o Fluminense voltou ao seu deviso lugar ontem: um time de tradição dentro de seus limites regionais e só.

Ainda não enguli aquele acesso fajuto e roubado da série C para a serie A... Aliás, em 2000 o Flu e o Bota deveriam disputar juntos a série B, se não fosse aquela presepada de virada de mesa com o caso Sandro Hiroshi.

Torci para o Flu mas agora toma! vai ter que se virar para escapar da B.

Eduardo Goldenberg disse...

Meu caro Daniel A.: a soberba do treinador (quanto menos eu escrever seu nome, melhor), de fato, espalhou-se para o time, que não soube ser imune aos malefícios da postura que veio de cima o tempo todo; o problema em Quito, malandro, já foi a soberba... ninguém imaginou (por pura tolice) a pedreira a ser enfrentada lá...; quanto ao preparo físico e à justiça... sem mais comentários. De toda forma, um abraço, cara. Solidarizei-me com vocês ontem.

Zezinho: eu também não engoli. Mas eu não engoli com "o". Um abraço.

Anônimo disse...

O jogo foi emocionante, mas arrepiado eu fiquei mesmo quando ouvi mais de noventa mil pessoas gritando "Ah! Fernando Henrique". Puta pesadelo. Vade retro. Deu até taquicardia.

Esse rapaz é bom goleiro, mas não dá para arranjar um apelido para ele???

Marcão

Rodrigo disse...

Edu, enquanto isso aqui em Sampa. alguns torcerdores do São Paulo mais fanáticos, soltaram fogos e comemoram bastante. O papo que ouvi agora a pouco no ônibus: O Fluminense tinha que se fuder mesmo. Aquele Renato Gaúcho é muito mala. Eu realmente achei que o Fluminense seria campeão se fossem mais humildes e com mais garra. Mais fiquei triste pela a torcida que fez uma festa linda no maracanã, que enfrentou todo o tipo de injustiças para conseguir o ingresso e não conseguiram o título, faz parte, perder e ganhar, quem sabe na próxima.

Abraço

Anônimo disse...

Vamos fazer um bolão? Quando o Flu novamente terá chance de conquistar a América?

Eu aposto que só em 2037...

Marcelo Moutinho disse...

Betinha: só pra vc saber, o Flu treinou, sim cobranças penais no dia anterior. Quem não treinou foi a LDU. Vejam como há um tanto de acaso em tudo. O futebol, como a vida, não tem compromisso com mérito, justiça, e nem é 100% competência.

Anônimo disse...

Cá entre nós, não vou meter a colher na sopa alheia e tampouco o futebol é regido por regra matemática, mas justiça por justiça o Boca tinha liquidado a fatura aqui no Maraca, ainda no primeiro tempo, quando literalmente esmagou o Fluminense -como soube fazer competentemente a LDU lá em Quito, quando faturou o título naqueles primeiros 45.

Saravá!
Fraga

Anônimo disse...

Edu, permita-me dois pitacos:
Marcão: Jogador de futebol é assim hoje em dia Thiago Neves, Thiago Silva, Leonardo Moura e argh! Fernando Henrique... Não tem mais Cabeção, Bujica, Delacir, Tita, Dudu e demais.
Moutinho: "Treino é treino, jogo é jogo." Didi, 1958.
Abraço a todos
Coelho

Anônimo disse...

É mesmo, Coelho. Só espero que não apareça um centroavante chamado Renan Calheiros.

Marcão

Marcelo Moutinho disse...

Coelho: sei disso. É que a Betinha escreveu que o Flu não havia treinado. Fraga: pois o mesmo Boca se classificou a duras penas na primeira fase. Falei em justiça pq o Flu fez a melhor campanha da Libertadores. E outra coisa: contra argentino não tem essa de justiça. É sempre justo que percam! rs

Anônimo disse...

O que eu disse (ou ao menos o que eu quis dizer...) eh que parecia, pela farta exibicao de erros bobos, que o Flu nao tinha treinado cobranca de penalties. Saber que eles treinaram so aumenta a certeza de que a derrota foi merecida... :)

Marcelo Moutinho disse...

Betinha: agora entendi. Mas contnuo discordando quanto a merecimento. Basta comparar as campanahs dos dois times...

Anônimo disse...

Edu, estava sem acesso ao Blog no trabalho e só agora consegui ler os últimos textos que estão, como sempre, coerentes(salvo a parte das mulheres feias no Maraca). Acho que para os tricolores não havia como ser mais sofrido. Os jogadores do Flu foram bravos e - engrossando o côro - o grande mané da história foi o Renato, que vem protagonizando cenas ridículas. Após o apito final do jogo contra o São Paulo o babaca foi para o meio do campo, deitou e ficou fazendo cena, "emocionadíssimo". Na final, foi o primeiro a descer pro vestiário, sem sequer aguardar o time sair. Além disso ficou repetindo, antes da partida, que o time poderia fazer tantos gols quanto fossem necessários (qual o sentido de uma babaquice dessas?). Um completo egocêntico.

Fraguinha, não esqueça de que o Flu foi à Argentina, arrancou um empate com o Boca e conseguiu aqui em belo resultado. Dizer que por justiça o Boca deveria ter eliminado o Flu por causa de um bom primeiro tempo em uma das partidas é, no mínimo, leviano.

Abraços, Arthur Mitke