5.9.08

NO RIO-BRASÍLIA - II

Como já lhes contei aqui, o Joaquim, o proprietário do glorioso RIO-BRASÍLIA (disparado o melhor buteco da cidade, nunca é demais reforçar), é um dos sujeitos mais grossos a quem já conheci. O Joaca é a antítese do bom anfitrião. É capaz de um sujeito chegar-se a ele, pela primeira vez na área, perguntar educadamente - "O senhor me sugere a porção de carne-seca ou a de lingüiça fina?" - e receber como resposta:

- Lingüiça fina, meu filho. É mais cara. E meu negócio é, ó, dinheiro!

Troço comum naquele paraíso encravado na paradisíaca Almirante Gavião.

E ontem, quando estive lá com o Felipinho Cereal (como lhes contei aqui), pude testemunhar mais um fabuloso coice do nordestino.

O jogo já havia acabado, a mulher melancia já havia partido, o ambiente estava mais tranqüilo, até que pintou na área o Alfredo. O Alfredo, pra quem não sabe - e vocês, meus poucos mas fiéis leitores, seguramente não sabem disso -, é irmão do Joaquim.

O Alfredo foi, lá pelos idos da década de 80, quando o Joaquim aportou na Tijuca, inclusive, empregado do RIO-BRASÍLIA. Quem mais pode lhes contar sobre essas histórias, é claro, é a maior autoridade no assunto, meu grande companheiro da noite de ontem.

Vida que segue, o Alfredo tomou coragem e partiu para seus próprios negócios. Hoje - salvo engano meu - é dono de cinco butecos de respeito espalhados pela cidade - um deles ali bem pertinho!

Voltemos.

Pinta o Alfredo no bar. Há, na assistência, uma grave tensão mal-disfarçada. Neguinho cochichando, rindo, e o Alfredo pede uma, pede duas, pede três, pede quatro cervejas - e as bebe de pé, garrafa e copo apoiados em uma mesa na calçada. Termina a resenha esportiva, ele pergunta pro irmão:

- Quanto eu devo?

A assistência acompanhando o lance como quem acompanha disputa de pênalti em final de Copa do Mundo.

O Joaquim, sem nem sequer levantar os olhos da pia, diante da qual está lavando copos:

- Foram cinco?

O irmão:

- Quatro.

E o Joaca:

- Doze.

Houve uma estrilada geral. Neguinho vaiando o Joaquim, provocando o pobre do Alfredo - que apenas ria -, até que eu perguntei:

- Pô, Joaquim... O Alfredo vem tão pouco aqui, é seu irmão... tu vai ter coragem de cobrar mesmo?

E ele, poliglota (Felipinho é testemunha):

- Conosco é half a half, professor. Bebeu, comeu, pagou!

Até.

ps: amanhã, sábado, às oito da manhã, eu e Felipinho Cereal partimos para a segunda rodada do passeio pelo rua do Matoso, para prepararmos RUA DO MATOSO - A SÉRIE

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