8.9.08

RUA DO MATOSO - A SÉRIE - BASTIDORES III

No sábado, 06 de setembro de 2008 - anteontem, portanto -, às oito da matina, encontramo-nos na PADARIA MILU, na esquina da Haddock Lobo com a Matoso, eu, meu amado pai (a presença mais esperada, já que meu velho havia anunciado forfait na véspera), Felipinho Cereal e Luiz Antonio Simas, para um café da manhã de balcão que daria início à segunda etapa de nosso desbravamento da carioquíssima rua do Matoso para o preparo da monumental série sobre a rua (hoje lhes apresento a terceira série sobre os bastidores dos passeios... leiam BASTIDORES I aqui e BASTIDORES II aqui).

Após o café, tomamos o rumo do TRÁS OS MONTES, buteco que fica quase na esquina da Matoso com a travessa Angustura, e que foi o ponto final da marcha de semana passada. Lá, derrubamos duas garrafas de Brahma e devastamos uma monumental (no tamanho, no sabor e no preço) porção de batata calabresa - que nos custou R$1,00 (por extenso... UM REAL!).

Seguimos a pé, vimos muita coisa interessante (que eu mostrarei apenas quando publicar a série propriamente dita), passamos por casas incríveis, por vilas que não existem mais, por alamedas que pouca gente conhece, nos deslumbramos com a sombra das portentosas parreiras da rua do Matoso (papai não conhecia e embasbacou-se!), e paramos em diversos outros bares, em comércios variadíssimos, e dentre os butecos, o XODÓ DA VOVÓ (foto abaixo), que serve uma comida cinco estrelas.

Eduardo Goldenberg, Luiz Antonio Simas, Felipe Quintans (o Felipinho Cereal) no XODÓ DA VOVÓ, na rua do Matoso, 06 de setembro de 2008, na Tijuca

No XODÓ DA VOVÓ bebemos mais duas garrafas de Brahma (incrivelmente geladas), papai comeu um bolinho de bacalhau, dividimos uma porção de moela, provamos também da batata calabresa, batemos um fabuloso papo com um dos donos do pedaço (o Vicente, o outro dono você saberá quem é durante a publicação da série!), e pudemos nos certificar de que a Matoso é uma rua cercada de bares por todos os lados, literalmente.

Só ali, naquele calçadão em frente ao Beco do Mota, há coisa de cinco, seis bares.

E foi ali, no calçadão, que demos por encerrado nosso segundo passeio.

Quando entramos no ESCONDIDINHO DA MATOSO, chegou-se a nós um homem que nos pareceu o dono:

- Sentem-se ali fora! Fiquem à vontade!

- O senhor, quem é?

- Fernando Augusto Cardoso! F.A.C! Invertendo a ordem das letras, A.F.C., América Football Club, minha maior paixão!

O Felipinho Cereal, americano fanático, já chorando, decretou:

- Acabou por hoje o passeio! Vamos ficar aqui!

E abraçou-se ao seu Fernando, que não acreditou no que via.

Seu Fernando e Felipe Quintans (o Felipinho Cereal) no ESCONDIDINHO DA MATOSO, na rua do Matoso, 06 de setembro de 2008, na Tijuca,

Foi, de fato, o destaque da manhã.

Ficamos ali pra mais de uma hora.

Ouvimos histórias comoventes, pois seu Fernando manja de tudo (papai vai negar, mas meu velho emocionou-se).

Mais, vocês saberão quando a série for publicada. Posso lhes adianter que eu cheguei a filmar uma pequena fala do cara, que sabe TUDO sobre futebol - eu disse TUDO e que eu mostrarei depois - sem pressa!

Éramos, ali, nós quatro, oito ouvidos atentos a tudo o que nos contava o português de Trás-Os-Montes.

Pela foto abaixo (papai de olhos cravados no seu Fernando), vocês poderão atestar que é verdade o que eu lhes digo.

Isaac Goldenberg no ESCONDIDINHO DA MATOSO, na rua do Matoso, 06 de setembro de 2008, na Tijuca

Meu velho pai, do alto dos seus sessenta e tantos, embeveceu-se diante do portentoso seu Fernando.

Fomos embora já com saudade.

Em breve, muito em breve, voltaremos lá.

E será de lá, para mantermos coerência, que partiremos para o terceiro passeio à rua do Matoso!!!

Até.

9 comentários:

Felipe Quintans disse...

Edu, meu velho, que manhã de sábado. Realmente o bar do seu Fernando matou a pau. O coroa sabe TUDO, como você mesmo exclamou, de futebol. Confesso que fiquei emocionadíssimo com o amor que ele sente pelo AMÉRICA. Beijo grande.

Anônimo disse...

So essa foto do Isaac ja valeria um texto. Aguardo a continuacao da saga na Matoso.

Eduardo Goldenberg disse...

É, Felipinho, o seu Fernando é o dono de bar que todo bar deveria ter: bom de papo, manja do que a gente gosta, e, no nosso caso, mais especificamente, não poderia ser mais perfeito... Ama intensamente a Tijuca (durante a publicação da série reproduzirei aquela frase que ele disse de olhos marejados...), é americano fanático e acha que o maior político brasileiro de todos os tempos é o Brizola. Não precisa de mais nada, né? Beijo.

Flavinho, querido: saudade imensa de vocês... De fato, querido, fui feliz flagrando esse momento de meu velho pai. A testa franzida, os olhos atentos, a mão no queixo denunciando intensa reflexão sobre o que ouvia, eis aí o retrato desse homem a quem tanto amo, numa manhã de sábado, cercado por outros dois caboclos que também o admiram. É o velho Isaac, malandro, figura cada vez mais imprescindível na minha trajetória. Beijo em vocês.

Anônimo disse...

Meu Velho Edu,
há muito estou afastado do Buteco, mas você sabe que isso se dá por conta de uma certa aversão à blogs, eu sou mais dos livros.
Mas você sabe também que vez por outra entro no Buteco e passo horas lendo os textos dos dias passados. Acho que perdi poucos até hoje. Gosto especialmente dos que falam da nossa Tijuca (fiquei até um pouco amuado de não ter sido citado num deles quando você listou vários amigos queridos que são e têm orgulho de ser de lá, afinal eu também sou e tenho).
Também evito um pouco tecer comentários, mas hoje não resisto, e me perdoe o longo intróito, o comentário que queria fazer vem agora: quando voltei ao Rio com 21 anos de idade, depois de viver por treze anos em outros lugares, fui morar em Copa. Me sentia um estranho na cidade, não me achava muito carioca. E foi na rua do Matoso que eu conheci um bar que tinha o apelido de Bar da Vala e lá me reencontrei com o samba, conheci figuras que hoje são grandes amigos, como o Pedro Amorim, e desde então a rua do Matoso tem um lugar muito especial na minha memória. Esse bar não existe mais, ou se existe só funciona para almoço. O nome era XPTO e ficava lá no final da rua, perto da casa do Felipinho.
Pena que não posso fazer parte desse grupo por conta dos meus compromissos com a livraria. Mas espero poder um dia passear por lá com vocês.
Beijos para todos, um especial para o seu pai, pois a bela foto que você tirou me fez ver realmente como estou com saudades de todos vocês.

Eduardo Goldenberg disse...

Grande Digão, seja bem chegado de volta ao balcão, meu querido! Sinto saudade sua, você bem sabe disso, e ontem mesmo, ao telefone, comentamos sobre isso, sobre nossa saudade, sobre a vontade de estarmos juntos, sobre a necessidade, até, de que estejamos cada vez mais juntos.

O bar ao qual você se refere, malandro, ainda existe, sim. Fica na esquina da rua do Matoso com a Barão de Itapagipe, serve almoço mas também faz a alegria da rapaziada que trabalha por ali, no final do dia. Mantém a mesma cara, aquele interior em madeira, faz tempo que eu não paro lá, mas seguramente ele fará parte do nosso terceiro passeio pela Matoso.

Programe-se! Quem sabe você não consegue ir conosco?

Quanto à foto do meu velho pai, Digão, fico realmente feliz que meus amigos estejam conseguindo captar a belezura da fotografia, uma das mais bonitas que já pude fazer do grande Isaac.

Nela estão - só quem não tem olhos de ver é que não vê - o velho e o menino.

Beijo.

Anônimo disse...

O nome ainda é XPTO? Lá no fundo parece uma caverna, acho que por isso colocaram o apelido de Bar da Vala...
Eu comentei hoje lembrando de nosso telefonema ontem, estou naqueles momentos brabos de nostalgia. E nessa hora sempre sinto falta sua, da Dani, do Simão, do Felipex... E isso porque a gente se vê sempre!
Escrevo agora ouvindo o samba do Mussa e do Simão, esses caras me pegaram de jeito, impossível segurar as lágrimas quando eles me fazem lembrar do gênio anônimo, meu ancestral, que querendo anunciar sua vitória quando uma fera na mata enfrentou, esticou o couro, bateu, repicou, ôô ôô...
Releve o sentimentalismo desenfreado do seu amigo aqui. Tem dia que de noite é foda!
Beijo,

Eduardo Goldenberg disse...

Digão: acho que não chama mais XPTO não, querido... Passo por lá todos os dias a caminho do trabalho, pois tomo o 406 na gloriosa Matoso, que dobra na Barão de Itapagipe pra seguir em direção à Barão de Petrópolis..., mas não sei lhe responder sobre isso. Poderia fazê-lo amanhã...

Mas deixo para nosso querido Felipinho Cereal a tarefa de descobrir o nome atual do bar: aposto que ele não nos deixará na mão.

Beijo.

ps: somos iguais no sentimento da saudade, querido. Marquemos para ontem um encontro!

Felipe Quintans disse...

Edu, o bar que o Mais Velho se refere não é o de esquina que ainda permanece aberto, como você disse. É na Matoso mesmo, fica um pouco antes de chegar na esquina com Itapagipe, tem portas ou grades vermelhas, fica ao lado de uma lojinha de roupas femininas, realmente se chamava XPTO, mas atualmente está fechado. Beijo para os dois.

Anônimo disse...

Edu,

do América lembro-me lá pelos anos de 1978 se não me engano , do concurso de dança "DISCO" e claro, do Baile do Diabo. Ai meu deus ô nostalgia!!!!! Abração !!!