2.12.09

DO DOSADOR

* Em meados de 2005 escrevi um texto no qual comento essa insuportável mania que é a de promover festa fazendo dos convidados os verdadeiros patrocinadores da coisa - leiam aqui. Pois hoje recebi, de um amigo inconformado com o convite que recebeu (a repetição do verbo é de propósito), a imagem abaixo, convite eletrônico para uma festa de aniversário, igualmente inconcebível, vejam vocês.

Meu amigo foi convidado para o "niver da Miriam Batucada" (não confundir com a cantora), "á partir das 12:00" (assim mesmo, com o acento agudo que não existe), para um "churras" e para uma "ceva gelada". E em "grande estilo", a aniversariante pede ao convidado que compareça com o "kit churras", composto de "01 caixinha Skol ou Brahma" e com "1kg de carne". É muita, muita, muita, mas muita cara de pau. Francamente;

* quem está fazendo uma grande cobertura esportiva nessa reta final do Campeonato Brasileiro é Janir Junior, irmão do meu irmão Luiz Antonio Simas, e pelo TWITTER. O Janir tem me lembrado o saudoso radialista Jorge Cury e sua comovente parcialidade. O cara é rubro-negro e não esconde isso de ninguém. Faz, assim, a alegria da torcida do Flamengo. Não perde um detalhe, não deixa escapar um único fato interessante, vibra como deve vibrar o torcedor e ganha, cada vez mais, pontos na minha tabela pessoal. Dá notas parcialíssimas como "de hoje até sábado, farei aqui uma cobertura rápida e rasteira do Flamengo. Tentarei botar o pessoal no clima. Tá chegando a hora." e como "subi a Serra na cola do ônibus do Fla. Como é emocionante a saudação e buzinas dos torcedores na estrada. Time chega à Granja nesse minuto." Grande, Janir! Vejam o que nos conta o caboclo, aqui. Há muito que eu sentia falta de um jornalista sem pudor algum e orgulhoso de sua paixão. Tinha - ou não? - que ter a correr nas veias o mesmo sangue do meu irmão - ele, também, passional que só;

* aproxima-se o dia do jogo e continuo sem meu ingresso. Enquanto isso, descubro que gente que NUNCA (com a ênfase szegeriana) pisou num estádio de futebol ou que mal sabe escalar meio time do Flamengo estará lá, com seu ingresso já garantido. Vão à final, à trágica final, como quem vai ao cinema, ao teatro, ao restaurante da Roberta Sudbrack - só pra aparecer. Se o Flamengo perder o campeonato - e se a torcida se perder em meio às babaquices que reinam hoje em dia, como mosaicos e canções podres que nada têm a ver com a tradição rubro-negra - já encontrei as responsáveis.

Até.

2 comentários:

Olga disse...

Edu, "as" responsáveis, foi um ato falho, ou é uma questão de gênero, de fato?

Eduardo Goldenberg disse...

Sem erro, Olga. Refiro-me às moças que vão ao Maracanã sem uma gota de sangue rubro-negro nas veias. Como quem vai à Parada Gay, ao Vale Open Air, à praia. Às descompromissadas. Beijo.